quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Consciência Negra se aprende na escola!



Consciência Negra se aprende na escola 


Dia 18 de janeiro de 2013, a diretora da Escola Classe 47, Andréa Faria,  foi entrevistada pela SECRETARIA DE POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL e relatou sobre o projeto desenvolvido na esola.


Instituição do Distrito Federal aumenta autoestima de alunos afrodescendentes ao trabalhar a temática etnicorracial e se torna referência no Ideb, com índices considerados excelentes.


 


A Lei 10.639/03, que torna obrigatória a disciplina “História e Cultura Africana e Afro-brasileira” nos estabelecimentos de ensino, acaba de completar uma década em vigor. A Escola-Classe Nº 47, de ensino fundamental, localizada na região administrativa de Ceilândia, Distrito Federal, em área considerada de risco, é referência na sua implementação.



Há sete anos, a EC 47, realiza o ano inteiro o Projeto Orgulho e Consciência Negra, que tem seu ponto alto no mês de novembro, durante a celebração do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

Cada turma começa o ano escolhendo um país africano para estudar, descobrir e conhecer. Com a culminância das atividades, acontece uma festa para a qual a comunidade também é convidada. Na programação, a apresentação dos trabalhos realizados, exibição da Galeria Africana, o Desfile da Beleza Negra, entre outras atividades.

Na biblioteca, os livros de literatura contemplam a diversidade. Com as obras didáticas e com os assuntos escolhidos para serem trabalhados a cada bimestre, acontece o mesmo.

Para realizar o projeto, a diretora Andréa Faria, os funcionários e professores, também precisaram aprender sobre a história da África e dos afrodescendentes. Quando estavam do outro lado, como alunos, o ensino ainda era exclusivamente voltado para a visão eurocêntrica de mundo e “a gente só via o negro como escravizado, no tronco”, lembra a educadora.

Elevação da autoestima

A motivação da profissional foi perceber que em um universo de cerca de 750 alunos, com 40% de pretos ou pardos, havia um olhar triste predominando entre os pequenos e pequenas com idades entre quatro e onze anos. Segundo ela, as crianças não se identificavam dentro do ambiente escolar e refletiam esse sentimento na baixa autoestima. “Elas se sentiam escanteadas ali e eu queria que se sentissem parte de tudo o que fazíamos, que se assumissem, se aceitassem, gostassem da cor de sua pele e do cabelo – se achassem bonitas”, afirma.

A experiência da EC 47 mostra que iniciativas pessoais fazem a diferença quando se trata da implementação da Lei 10.639. “Aceitei a sugestão de um professor que tivemos, o Marcos Lopes, para trabalhar com a temática na escola e percebi que podíamos atuar de acordo com as diretrizes da Lei”, diz Andréa Faria, professora há 23 anos.

De acordo com Ângela Nascimento, secretária de Políticas de Ações Afirmativas da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), a implementação da Lei 10.639/03 é parte indispensável do processo de avanço das políticas públicas na promoção de práticas de reconhecimento da população negra pela incorporação de seus valores e história no cotidiano das escolas.

“Por isso, a postura de profissionais como Andréa é tão importante para a universalização da medida. Para lidar com a quebra de padrões há tanto tempo estabelecidos, a garra pessoal dá uma força às políticas públicas”, avalia. A SEPPIR é parceira de projetos como os que acontecem na Escola-Classe 47.

Resultados
O ‘Orgulho e Consciência Negra’ tem transformado a comunidade escolar. “O aumento na autoestima dos estudantes é visível e se reflete na aprendizagem. Saímos de um Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 4,1 em 2005, para 6,1, em 2011, chegando à meta que tínhamos para 2020”, comemora Andréa Faria. Pelas normas da classificação, o índice é considerado excelente e faz da escola referência.

Já nos professores e demais funcionários, Andréa nota o acréscimo de posturas como o respeito às diferenças e a atenção para evitar palavras ou atitudes que podem ser consideradas racistas.

“Muitas vezes o racismo surge por uma falta de conhecimento, de entendimento. Precisamos abrir a mente para a contribuição dos negros na nossa formação e para valorizar o fato de sermos todos afrodescendentes”, afirma Andréa, autodeclarada branca.

Fonte: http://www.seppir.gov.br/noticias/ultimas_noticias/2013/01/consciencia-negra-se-aprende-na-escola

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